quinta-feira, fevereiro 11

Spotlight


A verdade escondida diante dos nossos olhos.

Todos conhecemos a história de Spotlight do ponto de vista de espectador, no prisma jornalístico este caso parece ser mais complexo do que alguma vez se imaginou. A narrativa deste filme está bem construída, humanizada, fundamentada e extremamente bem interpretada.
Spotlight tem a enorme vantagem de reunir um elenco poderoso e um argumento extremamente envolvente. Josh Singer tem experiência neste tipo de narrativas e tem surpreendido pelo seu crescimento neste sector. Não tenho grandes dúvidas que a sua experiência aliada à de Tom McCarthy terá sido o grande sucesso deste poderoso argumento. Tom McCarthy é um actor experiente, um argumentista interessante e um realizador verde. Apesar da sua inexperiência na realização McCarthy apresenta-nos um filme maduro e completo. O projecto não está arrojado nem arriscado, mas a simplicidade e a solidez torna-o íntimo e próximo do espectador. Não é uma realização espantosa nem sensacional, mas é segura.
O filme tem tudo na dose certa e isso é essencial nestes temas sensíveis que correm o risco de se tornarem muito dramáticos, muito subjectivos e/ou muito aborrecidos.
Nos actores é difícil referir alguém que tenha estado menos bem, estão todos muito acima do esperado. Todas as personagens têm uma personalidade e uma humanização muito acentuada, sem excessivos dramatismos, próprios do género, ou discursos surrealistas.Ainda assim destaco o gigantesco Mark Ruffalo que tem uma performance mais que brilhante. O actor consegue balançar muito bem os momentos de drama, as cenas de "acção" e os minutos de reflexão, é hipnotizante vê-lo no grande ecrã. Liev Schreiber tem uma personagem sem grande espaço para desenvolvimento, mas ainda assim consegue torná-la sólida, plausível e sobretudo confiável, acredito que não tenha sido tarefa fácil para o actor. Rachel McAdams não é só uma cara bonita, é uma peça essencial no desencadear da acção dando uma certa sensibilidade a toda a narrativa. Michael Keaton é (e sempre será) um homem de papéis fortes e Spotlight não é uma excepção. Por fim, sem esquecer Stanley Tucci, que dá um toque político interessantíssimo a todo o filme. É relevante perceber que todas as personagens de Spotlight acarretam interesses, expectativas e desejos diferentes, tal como as pessoas. Por esse motivo, o filme torna-se muito pessoal e muito próximo do espectador.

Um filme que prometeu ser menos do aquilo que chegou a ser, e foi absolutamente brilhante!