domingo, novembro 9

Fénix - Parte 4

Simone caminhava no corredor do centro com o seu fato macaco branco. Já não sabia o que havia de fazer para encontrar uma solução. Todos os infectados pareciam morrer de formas diferentes, era como se o vírus se adaptasse a cada organismo e se aproveitasse das fraquezas de cada um. Nunca ninguém tinha a mesma sequência de sintomas. Era uma panóplia de diversidade impressionante, não havia raciocínio lógico, era impossivel prever o número de infectados. Resolveu regressar à “paciente zero”, Cecília. Abriu a sala onde estavam as arcas frigoríficas, a porta era pesada e emitia um som estridente e irritante, tentou travá-la para que não se fechasse. De repente ouviu um barulho ensurdecedor dentro de uma das câmaras. Simone petrificou, não pelo frio, mas pelo espanto do sucedido. Parecia que havia ali alguém vivo e a tentar sair. Caminhou para a fonte do ruido, até que este parou. Julgou estar a sonhar, não estava convicta de que o barulho tivesse alguma vez existido. Assim que pousou os olhos no papel que trazia nas mãos o barulho começou novamente. Simone correu para a origem, abriu a porta e o que viu deixou-a completamente boquiaberta.

Cecília olhou novamente para os pés e viu uma mulher completamente vestida de branco. Assustou-se e ficou quieta, de olhos bem abertos e fixos no rosto da sua suposta salvadora. Simone fitava a rapariga morta, mas viva. Puxou a maca e observou o corpo de Cecília, a pele branca doentia, os lábios arroxeados, os fios de sutura espalhados por todo o corpo, e os olhos vivos e esbranquiçados faziam com que Simone se arrepiasse. O medo ainda não se tinha apoderado dela, mas não estava muito longe.