Bárbara ansiava vingança, sede por fazer sofrer a
mulher que a destruiu, perseguia-a dia e noite, todos os dias esperava à porta
do café, esperava por uma misera oportunidade para conseguir magoá-la. Na manhã
de 24 de Dezembro do passado ano, Bárbara viu Eva a entrar no café
ridiculamente mal vestida, e ligeiramente mais cedo do que o habitual, viu-a
sentar-se na mesa, a fazer o seu pedido e a sair. Eva não tinha levado o carro,
por esse motivo teria de atravessar a estrada para chegar à ourivesaria, Bárbara
ligou o carro, acelerou furiosamente, e assim que embateu em Eva continuou a
sua viagem como se nada tivesse acontecido. A peruca, os óculos, o chapéu, as
luvas e o nome falso protegeram a sua identidade. No espelho do retrovisor viu
o homem da sua vida a correr para o meio da estrada para acudir a mulher da
vida dele. Viu tudo, uma lágrima caiu no seu colo, e o acelerador continuou a
funcionar.
Subiu as escadas para o sótão apressadamente e em
passos largos, ofegante, chegou ao topo e olhou para os homens que subiam atrás
dela, a porta estava entreaberta. Bárbara entrou e viu uma mulher de costas, a
fumar de pernas cruzadas, com uns longuíssimos saltos altos. – Eva? Não é
possível! Como é que tu… Fingiste tudo isto? É impossível! – A mulher rodou
lentamente a cabeça, e com a fraca luz conseguia ver-se o sorriso branco em
contraste com o batom vermelho, e rompendo a surpresa e o silêncio Eva
levantou-se e disse: - Olá Bárbara! Há quanto tempo… - A loira ficou furiosa e
retirou a arma do bolso do casaco, o seu movimento fez com que os três homens
por trás dela atingissem mortalmente os quatro guarda-costas. – Bárbara olhou
para os homens caídos no chão e depois para Eva. – Como é que tu fizeste isto?
– Eva fumou pela última vez o cigarro que tinha na mão, deitou-o para o chão e
pisou-o com o salto fino. – Porque tenho uma irmã gémea sua idiota! – Os olhos
de Bárbara estavam brilhantes e cristalinos, tinha atingindo a irmã errada. As
lágrimas estavam a crescer, deixou cair a arma da sua mão e perguntou: -
Porquê? – Eva chegou junto da amiga, pegou no revólver que estava no chão e
respondeu: - Porque eu queria ser invisível para a polícia. – Ouviu-se um som
grave, arrebatador e assustador, um som que pôs fim à vida de Bárbara.
Matilde e Marcos permaneciam perdidos em lugar nenhum
à espera que alguém os encontrasse. – Desculpa não me lembrar de ti. – Disse
Matilde melancólica. Marcos colocou-lhe a mão no queixo e disse: - Não faz mal
meu amor, o que importa é que estamos juntos. – Mas ela vai encontra-los. –
Isso já não importa, é passado, vamos reconstruir novamente a nossa vida, ser
melhor do que aquilo que éramos antes. – Entretanto ouviram-se saltos altos a
ecoarem entre as paredes, e minutos depois a fechadura a rodar. Uma lanterna
foi apontada para ambos, e ambos estavam encadeados, Marcos perguntou ao mesmo
tempo que se tentava levantar: - Deixa-nos ir! Já tens o que querias! – Em
frente à lanterna surgiu um revólver, ouviu-se um grito estridente e dois sons
graves. Matilde morreu às mãos da sua semelhante e Marcos nas mãos daquela que
julgava amar.
Fim (Incompleto)