quarta-feira, novembro 20

Disconnect - Desligados

Unidos online, mas separados na realidade.

Henry Alex Rubin é um realizador pouco conhecido, com um tímido trabalho que consegue chegar aos mais ínfimos problemas da sociedade. Este filme demonstra como o mundo virtual tomou o lugar das longas conversas à lareira, os sons dos chats roubaram as palavras sinceras e o contacto emocional verdadeiro e prolongado foi substituído por relações efémeras e precoces.
A construção emocional de todos nós é feita de longas e construtivas conversas, de partilha de histórias e momentos, de caricias mais ou menos convencionais e discussões pessoais ridículas ou não. Alguém que passa o tempo a partilhar estados irrelevantes, alguém que se afoga em imagens em vez de se rodear de pessoas e que movimenta vídeos de forma a revelar o que sente não pode ter o mesmo amadurecimento emocional que alguém que encara gente, que as conhece e que se relaciona mal ou bem com cada uma delas. É interessante como tudo no inicio começa com toda a gente a comunicar virtualmente e no fim todos têm necessidade de se encontrarem pessoalmente e se conhecerem, a realidade é que nem tudo o que achamos que conhecemos é a verdade, e isso gera insegurança, incerteza e violência.
Um argumento envolvente com uma realização e fotografia ainda um pouco insensatas. Interpretações que oscilam entre o bom e o excelente e uma banda-sonora que prima pela simplicidade.
Disconnect é a hipócrita metáfora de uma sociedade esfomeada de compreensão, compaixão e amor. Um filme que despe os sentimentos que inundam o nosso quotidiano como; o medo, a vergonha e sobretudo e principalmente a solidão. Porque comunicar não é estabelecer laços, ainda que ambos queiram tocar-se.