quinta-feira, agosto 8

O Maravilhoso Mundo do Absurdo - Parte 6

Stratius levou Éter até uma taberna bastante marginalizada e com o papel de parede arranhado, toalhas de mesa manchadas de negro e nódoas cinzentas no tecto, relutante e amedrontada a princesa seguiu a serpente até ao balcão de pedra negra:
- Onde está ele? - Perguntou ao homem barbudo do outro lado do balcão. Ele acenou para o lado esquerdo sem proferir uma única silaba. Quando Éter rodou a cabeça viu uma sombra num dos cantos, sentada num banco encostada à parede, Stratius rastejou até lá e disse:
- Amo acho que encontrei uma foragida...
- Eu não sou nenhuma foragida! - Alertou Éter.
O homem saiu do escuro que o cobria e a princesa conseguiu ver-lhe o rosto, tinha uma cicatriz do lado direito em meia lua desde a testa até ao queixo, os olhos eram de um vermelho rubi, a cara larga e morena, com um nariz pontiagudo e largo davam-lhe um ar pesado e mafioso, as suas mãos largas dirigiram-se ao colar da princesa e num tom rouco e asqueroso disse:
- Vejo que vens de Dominus... Como te chamas?
- Éter.
- Éter? - O homem parecia conhecer o nome, a surpresa foi instantânea. - A princesa de Dominus?
- Sim. Eu própria. - Disse a rapariga de forma prepotente.
- Não te recordas de mim? - A confusão apoderou-se da jovem.
- Não... Devia? - O homem entristeceu e respondeu:
- Sou Dulius. Filho do ex-marido da tua mãe, sou o bastardo que nasceu fora do casamento a razão porque eles se separaram e obrigou a rainha a criar Dominus, ela separou Merinder em três mundos, em vez de dois mas, não havia espaço para mais um então o teu mundo tornou-se absurdo e indeciso, a verdade é que o teu pai é o verdadeiro rei de Luminatus e a tua mãe rainha de Darnatus. O irmão de Casquilos, Lordus, apoderou-se do seu reino, o teu pai não se importou pois tinha a tua mãe e mais tarde nasceste tu. Visitei-te uma vez com Insanis, foi no dia em que recebi esta cicatriz. - Éter estava pasmada com aquilo que acabara de ouvir, o homem era afinal um rapaz a que o tempo não tinha dado juventude, continuou a ouvi-lo sem desfazer a surpresa no seu rosto. - O teu pai não aprovava a minha presença em Dominus, e levou-me de volta. Morreu ao fazê-lo. - Éter enfurecida disse:
- Então foi por tua causa que ele morreu. - Dulius baixou os olhos em sinal de culpa e disse:
- O teu pai morreu em Luminatus às mãos da feiticeira Matiquis, foi a partir desse momento que ela conseguiu ligação com o teu mundo, já com o meu ela não tem qualquer ligação, visto que não matou nenhum membro real. O teu pai morreu para me fazer regressar ao meu mundo. É por isso que vais receber o teu poder, tudo o que te contaram de receberes os poderes da tua avó o alinhamento dos planetas, isso é tudo mentira, a verdade é que receberás o teu poder porque ele pertencia ao teu pai, ele guardou-o antes de regressar comigo a Darnatus, parece que pressentiu que algo iria acontecer... - Éter começou a chorar, não queria mais ouvir o que o rapaz tinha a dizer. - Chegámos a brincar juntos. Além disso o teu pai regressou a Luminatus para que não me magoassem se eu por qualquer razão lá voltasse, a verdade é que isso lhe custou a vida. - Disse o rapaz na esperança de que Éter o pudesse perdoar. Em vez disso a rapariga rodou a ampulheta mais vezes do que aquelas que deveria, no total foram seis, foi então que o inesperado aconteceu. 

Pequenas Histórias Originais - Catarina R.P.