domingo, maio 1

Mean Creek (2004)

Fui ao baú dos filmes que me ofereceram e que nunca tive oportunidade de ver (ou nunca quis) e descobri entre Scary Movies e Espartanos do pior uma pérola cinematográfica realizada por Jacob Aaron Estes, Mean Creek. Isto prova que por vezes somos donos de verdadeiras relíquias e nem damos por isso, talvez pela nossa genuína ignorância...

Este filme narra a história de um rapaz, Sam, que é vítima de bulling por parte de um colega obeso (George) e com sérios problemas de integração social. É neste momento que Sam recorre à ajuda da sua colega, Millie, do irmão mais velho, Rocky, e seus amigos, Marty e Clyde. Planearam meticulosamente uma pequena vingança perfeita contudo, de um momento para o outro tudo muda...

Os actores deste elenco apesar de jovens são todos extraordinários, todos eles conseguem interpretar as personagens dramáticas sem excessivo melodrama. Penso que isto se deve às orientações por parte da realização que está extremamente bem conseguida, tanto a este nível de direcção de actores como no parâmetro técnico.

Para além de realizar Jacob Aaron Estes ainda é responsável pelo magnífico argumento que o filme apresenta. Depois de nos contemplarmos com esta surpreendente construção de texto ainda somos maravilhados com uma espectacular fotografia, banda-sonora e momentos de silêncio absolutamente arrepiantes.

Os temas abordados ao longo deste filme são todos eles complexos todavia, são aqui espelhados de forma peculiar e inteligente, que revela uma profunda reflexão por parte do realizador sobre os assuntos em questão. O bulling e as suas temíveis consequências é o objecto central, sobre o qual vão girar problemas morais e éticos expostos de forma brutal ao espectador. Estas cinco crianças vêem-se numa situação irreversível que pode alterar o curso das suas vidas para sempre. Para resolver tudo isto só têm de tomar uma decisão, com as seguintes opções: assumirem responsabilidades; não assumirem fazendo-se de inocentes; ignorar o acontecimento esperando que caia no esquecimento.
Toda esta dúvida enigmática vêm ainda acompanhada de problemas emocionais... Marty é um jovem problemático que assistiu ao suicídio do seu pai bêbado, Clyde é um jovem doce e carinhoso cujos pais são um casal de homens homossexuais, razão pela qual é constantemente ofendido verbalmente, e Sam é agredido permanentemente na escola.


Toda esta "série de acontecimentos desastrosos" leva-nos a ponderar o que faríamos naquela situação? Agiríamos de forma moralmente correcta? Ou pelo contrário seriamos egoístas ignorando a moral e a ética?